quinta-feira, 17 de abril de 2014

Cruz Vazia



Nenhum pé pregado
Naquele objeto de madeira.
Uma haste vertical
E outra horizontal
Ligando a terra ao céu
E os homens entre si.
Relativamente grande, 
Não muito pequena.
Talvez coubesse um homem,
Que representasse todos os homens.
A rispidez do carvalho,
Agora embelezado pelo verniz,
Camufla o sentido cruel da tortura
E apresenta uma obra de arte
Esculpida pelas mãos.
Quem a vê não tira dela o olhar
Relembra o sofrimento da paixão
Imagina as chagas e os fios de sangue
Molhando a pele e escorrendo rumo ao chão.
Quem era para estar lá, não está.
O texto sagrado afirma que Ele vivo está!
Quem quiser encontrá-Lo
Não precisa procurá-Lo
É só não deixar de olhar
Fixar em seu suspiro e agonia
Então poderá dizer a outros:
_Quem eu procurei em tantos lugares
Somente encontrei numa cruz vazia. 

(Gilmar Cabral)

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