O Senhor é que julga os povos. Julga-me,
Senhor, conforme a minha justiça, conforme a minha integridade.
(Sl 7:08- NVI)
Toda vez que aquela morena
dos olhos azuis e corpo escultural passava pelo setor de trabalho do crente
Olavo, era um suplício. O Homem não conseguia, assim como todos os outros
homens daquela área, tirar os olhos da mulher. Era uma tentação! Olavo sabia
que não podia pensar o que imaginava a respeito daquela jovem senhora. Sabia
que era pecado, pois sempre se lembrava das palavras do Mestre: Vocês ouviram o que foi dito: “Não
adulterarás”. Mas eu lhes digo: qualquer que olhar para uma mulher e desejá-la,
já cometeu adultério com ela no seu coração (Mt 5:27-28 - NVI). Olavo
conhecia muito bem os perigos da quebra do sétimo mandamento (Ex 20:14), pois
já tinha presenciado o estrago que essa quebra fez no casamento de seu melhor amigo:
filhos desorientados, mulher se entregando a prática da homossexualidade e o
antes chefe moral da família caminhando a passos largos para a devassidão.
Mas, o que fazer? Aquela
mulher era deslumbrante e sempre teria que passar pelo seu corredor na Empresa.
Olavo fazia de tudo para não cobiçá-la, virava o rosto, mas não resistia e
olhava, “viajava” no pensamento com o olhar fixado nela. Tentava cantarolar um
cântico da igreja ou recitar versículos bíblicos para purificar sua mente,
porém seus olhos não o deixavam parar de pensar nela; se esforçava dia após dia
e nada. Parecia que quanto mais tentava fugir mais era tentado a olhar e imaginar
ele com ela. Já não era o mesmo em casa com a esposa. Na verdade, seu casamento
ia mal e isso só aumentava as chances de um possível caso extraconjugal; ainda
mais com aquele “monumento” de mulher “dando sopa”, pelo menos era o que ele
achava.
Não aguentando mais a
pressão, ele procurou o reverendo de sua Igreja e contou o que acontecia no seu
íntimo. Foi aconselhado a buscar uma revitalização para o seu casamento. O
Reverendo constatou e mostrou que, na realidade, não era apenas a beleza
daquela mulher que o estava perturbando. Falou para Olavo que havia também uma
negligência no cuidado com o seu casamento. E isto estava abrindo uma brecha
perigosa para que outra pessoa pudesse entrar na vida do casal, o que poderia
acontecer tanto por uma fragilidade dele quanto por uma fraqueza dela, da
esposa. Foi pedido que ele conversasse com a mulher sobre a vida conjugal deles
e, se juntos achassem realmente necessário, poderiam fazer alguns “aconselhamentos”
com o reverendo para serem tratados.
Olavo prontamente atendeu
à proposta e conversou com a esposa. Mal chegaram a quinze minutos de conversa e logo decidiram que verdadeiramente
estavam precisando de uma ajuda, pois já não namoravam e não saíam para passear
ou fazerem alguma coisa juntos há bastante tempo. As conversas com o líder
espiritual foram muito importantes, mas, além delas, o casal foi encaminhado
para uma terapia de casais com uma
psicóloga cristã, tendo em vista que os problemas chegavam até mesmo às
questões da área sexual.
Com esses apoios, um
desejo enorme de reacenderem a chama do amor e um avivamento espiritual na vida
dos dois; não deu outra: o casamento foi fortalecido. Os filhos logo perceberam
as mudanças: era “meu benzinho para cá” e “meu amorzinho para lá” que chegava a
enjoar. Os dois agora só queriam ficar juntos. A felicidade voltou para aquele
lar, especificamente, para os filhos: o
homem justo leva uma vida íntegra; como são felizes os seus filhos! (Pv
20:07 - NVI), que percebiam a frieza entre os pais e ficavam tristes com isso.
E a morena? Sumiu! Bem,
não saiu da Empresa e nem tão pouco deixou de passar pelo setor de Olavo.
Então, o que aconteceu? Ela sumiu para Olavo. Passou a ser uma mulher como
outra qualquer. Ainda bonita, mas não mais aquela “coisa toda”, pois o homem
agora estava novamente apaixonado pela esposa e havia melhorado muito na sua
vida espiritual. Foi tão bom para Olavo
perceber que a verdadeira satisfação do crente não é ser imune à tentação, até
porque não existe crente ou qualquer indivíduo que não seja tentado,
principalmente, na área sexual; a grande satisfação é vencer a tentação. E,
para que isso ocorra, é necessário ter o desejo de viver uma vida íntegra e
correta à luz da Palavra de Deus. Ainda, no caso específico da tentação sexual,
vigiar quanto à manutenção de seu relacionamento conjugal, a tal ponto
de não querer outra pessoa a não ser seu cônjuge.
Olavo e a esposa
descobriram o que todo cristão casado já deveria saber: o quão maravilhoso é
chegar a sua casa e olhar nos olhos do esposo, da mulher, dos filhos e poder
dizer para eles: “amo vocês”! Sem nenhum peso na consciência e, no íntimo, a
certeza da fidelidade.
Reflexão:
Como
o conto nos ensina, ninguém está livre da tentação. Porém, não podemos “dar
mole” para ela. O que acontece é que muitas vezes percebemos o perigo iminente
e nos deixamos envolver e aí, quase sempre, é tarde demais: o pecado já foi
concebido em nossa mente e coração. A consequência é a consumação do mesmo, o
que nos leva à morte espiritual ou separação de Deus (Tg 1:14-15).
Portanto,
nosso compromisso de vivermos uma vida integralmente fiel deve ser permanente e
um compromisso firmado com Deus, mas também com os nossos semelhantes e
instituições às quais pertencemos, em especial, a nossa família.
A
Bíblia nos alerta que se somos infiéis,
ele permanece fiel, pois não pode negar-se a si mesmo. (II Tm 2:13). Se quisermos agradar a
Deus e aos homens, é imprescindível que sejamos fiéis a Deus e ao próximo.
Assim ganharemos a aprovação divina e o respeito das pessoas com as quais
convivemos, sejam as de fora ou as de dentro de nossa casa.
(Gilmar Cabral)
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