segunda-feira, 11 de agosto de 2014

O que é Meu é Meu. O que é Teu é Teu



Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, se há algum louvor, nisso pensai.

(Fl 4:08 - RC).

  

Aquela aula da Escola Bíblica na classe dos juniores iria marcar a vida de Liliane para sempre. A aula foi sobre vida honesta, correta e justa diante de Deus. A professora mostrou vários textos e exemplos bíblicos de homens e mulheres que foram honestos e corretos em seus procedimentos ao longo de suas existências. Falou também da importância de nos dias atuais as pessoas, mas principalmente os cristãos, serem indivíduos honestos, corretos e justos em sua conduta. Demonstrou que aquele que age com honestidade sempre agrada a Deus e dá um bom testemunho de sua vida cristã.

Após a Escola Bíblica, veio a reunião onde o reverendo reforçou a fala da professora pregando sobre “a excelência de uma vida que obedece a Palavra de Deus”. É claro que o tema da honestidade perpassou seu sermão, o que foi comentado pelos pais de Liliane no retorno para casa, ao que a menina, empolgada, também dizia que o mesmo assunto havia sido trabalhado na aulinha da Escola Bíblica.

Ao chegarem a casa, começaram a se aprontar para aquele belo e apetitoso almoço de domingo. Porém, um pouco antes de iniciarem a refeição, a mãe de Liliane percebeu que não havia comprado o refrigerante naquela semana. Então pediu que a filha fosse comprar 2 litros de coca - cola na vendinha de seu Timeu, um senhor já idoso e que conhecia bem a menina. Além do mais, a vendinha ficava bem perto de casa e a garota era esperta, já na casa de seus 10 anos, facilmente não se perderia, e, naquela hora do dia, não havia perigo, pois muitos almoçavam praticamente na rua, do lado de fora das casas, realizando suas comemorações que ninguém de fora acaba sabendo o real motivo; talvez a razão fosse o simples fato de estarem juntos. O certo é que isto dava à mãe de Liliane certa segurança já que a rua ficava movimentada, com as famílias nos quintais e invadindo as calçadas. Liliane prontamente obedeceu à mãe e saiu para comprar o refrigerante. Levou uma nota de dez reais.

Ao chegar à vendinha, encontrou seu Timeu muito atarefado e praticamente sozinho para atender muita gente. Esperou pacientemente a sua vez, já ficando preocupada com a demora. Tinha medo da mãe se preocupar demais ou mesmo pensar que ela havia se desviado do compromisso. Quando chegou o momento apropriado, pediu o refrigerante, pegou o troco do afobado dono da vendinha e foi embora. No meio do caminho, ao olhar para o dinheiro em sua mão, percebeu que estava com uma nota de cinco reais e uma moeda de cinquenta centavos, o que era exatamente o preço da coca - cola. Pensou e disse para si mesma: “está errado. Esse é o preço do refrigerante. Se eu dei dez reais, era para eu receber quatro reais e cinquenta centavos de troco. Seu Timeu se enganou, coitado!”. Continuou, após a constatação do “furo” do velhinho, a pensar: “que tal se eu voltar e gastar esse um real a mais. Minha mãe não vai nem notar, ela sabe que o preço da coca é cinco reais e cinquenta centavos”. Quando já ia voltando, sua mente foi bombardeada pela fala de seus pais: “o que é nosso é nosso; o que é dos outros é dos outros! Ficar com aquilo que não nos pertence é desonesto e significa roubo!” Quando ela pensava em falar para si mesma que poucos trocados não fariam a diferença para seu Timeu, os ensinamentos da Escola Bíblica vieram à tona com força na sua consciência: “o cristão precisa ser honesto, correto e justo em suas atitudes”. Era a voz da professora ecoando em sua cabeça. E mais: vinha à mente o texto citado na aula: Pois zelamos o que é honesto, não só diante do Senhor, mas também diante dos homens (II Co 8:21 - RC). Também Êxodo 20:15 (Não furtarás – RC).

A menina ficou por volta de quinze minutos sentada na calçada, no meio do caminho, pensando no que faria. Tocada pelos ensinamentos de seus pais e pela lição da Escola Bíblica, resolveu realmente voltar, todavia não para comprar algum doce com o um real que sobrava, mas para devolver o dinheiro que não pertencia a ela a quem de direito: ao seu Timeu. Assim a garota fez. Seu Timeu ficou emocionado com a honestidade da menina, a elogiou muito e disse que lhe daria um doce como forma de agradecimento. A garota recusou, mas ele fez questão. Então ela escolheu um pirulito, mas dizendo: “isto é para depois do almoço!” Voltou para casa radiante, pois conseguiu colocar em prática os ensinos dos pais e a lição que aprendera na Igreja e que, certamente, marcou sua vida para sempre.  

Chegou e contou para sua mãe os fatos. Foi elogiada por ela e pelo seu pai. Tomou seu banho, trocou de roupa e sentou-se à mesa com eles. Antes de começarem a comer, oraram agradecendo a Deus pelo que aprenderam na igreja e pela oportunidade de colocar em prática rapidamente os ensinamentos recebidos. A propósito, já ia me esquecendo: quanto ao almoço, foi uma maravilha! Tinha panquecas!              



Reflexão:

O princípio da honestidade não é somente bíblico e cristão. Isto é uma questão de integridade moral, de caráter, portanto, algo que permeia toda boa educação e toda sociedade que almeja ser civilizada.

O dilema vivido por Liliane: devolver o que não era dela ou gastar já que “ninguém” saberia, é bem mais comum do que imaginamos. Muitos estão agora mesmo num dilema moral: pego isso ou não? Minto ou não? Engano ou não? Entrego-me a esses prazeres ou renuncio aos desejos de minha carne? Traio ou não? Devolvo ou não? Liliane optou por fazer o certo e honesto porque tinha ensinamentos que apontavam nessa direção, tanto a educação dada a ela por seus pais, como os ensinamentos da Escola Bíblica. Vemos aí a importância do trabalho conjunto entre família e escola.

Uma educação de valores sempre é importante desde a tenra idade até a fase adulta. É quase certo que Liliane será uma adolescente, jovem e adulta com princípios cristãos sólidos; não somente porque obedeceu aos ensinos de seus pais e à Palavra de Deus, todavia também porque experimentou o prazer de resistir à tentação, recebendo as recompensas internas (satisfação interior) e externas (elogios e o doce) do seu ato bíblico e honesto. Eu disse quase certo que será assim porque nem sempre bons ensinamentos educacionais, morais, éticos, sociais e espirituais garantem que a pessoa vai continuar a cultivá-los quando amadurece; até porque cada um tem o direito de fazer suas escolhas. 

      

 (Gilmar Cabral)






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