Ninguém despreze a tua mocidade: mas sê
o exemplo dos fiéis na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na
pureza.
(I Tm 4:12).
Todos
estavam novamente reunidos na hora do almoço numa espécie de cantina da
Empresa. Cada um com sua marmita ou quentinha. A conversa rolava solta sobre os
mais variados temas. Muitas piadas indecorosas e palavrões para qualquer gosto.
E olha que a Laura, a mais desbocada da turma, ainda não havia chegado. Mas
Judite já estava lá se alimentando tanto da comida quanto dos assuntos imorais
que rolavam na mesa daquele projeto de refeitório. Tinham somente uma hora de
almoço, então conversavam enquanto comiam, para ganharem tempo.
Às
vezes, Judite ficava um pouco desconfortável com a conversa, mas não queria ser
tida como chata ou “beata” já que eles sabiam que ela frequentava uma Igreja.
Além disso, gostava de se sentir aceita no grupo; por isso suportava as falas
mais grosseiras e indecentes, fingindo não escutar.
Atitudes
bem diferentes das de Alberto, jovem crente e muito respeitado no trabalho por
sua conduta irrepreensível. Ele sempre almoçava depois que aquela turma saía do
refeitório, para evitar o desconforto de ouvir as “imundícies”. Porém, naquele
dia, por causa dos insistentes convites de Judite, aceitou almoçar com ela.
Eles conversavam algumas vezes sobre a Igreja e ela queria alguém para
compartilhar um assunto mais saudável na hora do almoço. Lá estavam eles.
Só
que, no meio do papo, chegou a mais desbocada, a Laura. E chegou “quente”
falando um monte de bobeiras e indecências. Praticamente todos riram. Judite e
Alberto, não. Quando Laura se deu conta de que o rapaz cristão estava por ali,
ficou muito sem graça e foi logo pedindo desculpas a ele. Ao que Judite
estranhou e não se conformou dizendo:
_
Mas por que você está pedindo desculpas só a ele? É porque ele é cristão?
Então, peça desculpa a mim também, pois eu sou cristã como ele!
Laura
olhou para ela com “ar” de deboche e retrucou:
_
Você não! Ele sim dá exemplo de ser cristão. Você não! Somente peço desculpas a
ele!
O
povo:
_
U............ êpa.......!
Judite, já pálida e ao
mesmo tempo roxa de vergonha, falou quase chorosa:
_
Mas... o que que eu fiz para não ser valorizada como cristã!?
_
Você só vive aqui se metendo nas nossas conversas indecentes e até gosta de
participar! Sem contar o dia em que você caiu na “gandaia” lá na festa da filha
do Robertson. Dançou muito e até tomou umas cervejinhas...
_ Eu só me diverti!
Crente não pode fazer nada!?
O
povo novamente se manifestou:
_Ah......................!
_
É isso mesmo!...Quer dizer que eu tenho que viver como ET?
O
povo riu de se escangalhar todo! Alberto todo sem graça e com vergonha pela
“irmã”, não sabia onde e nem como ficar. Terminou seu almoço discretamente e
foi trabalhar.
Judite
levantou-se aborrecida, mas, como não tinha jeito, voltou ao trabalho.
Trabalhou não sabe como naquela tarde de tanta vergonha e, muito triste, foi
para casa. Conversou com o marido à noite. E ainda ouviu dele que a tal da
Laura tinha razão e que ele sempre a havia alertado para não beber e nem se
misturar com os farristas. E olha que seu esposo não era crente! Ela chorou
muito. Dormiu também não sabe como e, assim que se levantou pela manhã, decidiu
mudar sua vida e suas atitudes. Resolveu que ia verdadeiramente ser cristã de
corpo, alma e espírito. Não podia mais ser humilhada daquela forma e pior, por
uma “desclassificada como era a Laura”. Opa! Parou e lembrou-se de que, se
queria recomeçar sua vida cristã, deveria, antes de tudo, rever sua relação com
Deus e com as pessoas do seu círculo de amizade. Arrependida, leu o Salmo 51:10
(NVI): Cria em mim um coração puro, ó
Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.
Pediu perdão a Deus,
fazendo assim uma oração de confissão e mudança (que durou uns quinze minutos) decisiva em sua vida,
repassando a sua vida cristã e selando o compromisso de viver para Jesus e dar
bom testemunho segundo a Sua Palavra dali por diante. Também decidiu se afastar
de amizades que a estavam levando para o “abismo espiritual” (Não vos enganeis: as más conversações
corrompem os bons costumes – I Co 15:33 - RC) e se aproximar mais de
pessoas como o Alberto, que dão bom testemunho e têm a contribuir para o seu
crescimento e amadurecimento cristão.
Depois de uns seis meses
andando assim, Judite começou a recuperar sua imagem diante dos colegas de
trabalho. Aconselhada pelo reverendo de sua Igreja, não se afastou
completamente deles, mas apenas evitava participar de festas e conversas
indecorosas. Assim, reconquistou o respeito e ainda pôde evangelizá-los e
convidá-los para visitarem a sua Igreja; algo inimaginável há um tempo. Até
mesmo a Laura foi convidada, pois Judite reconheceu que ela, assim como os
outros, carecia de experimentar o amor de Deus em sua vida. E olha que Laura
não somente foi como ainda recebeu a Jesus como Salvador e Senhor da sua vida.
Agora, o alvo de Judite era o seu marido tão difícil de conquistar por causa da
proximidade e de lidar com as falhas da mulher no dia a dia. Entretanto, ela
estava preparada para ser o exemplo que seu esposo precisava em casa: Sede meus imitadores, como também eu sou de
Cristo (I Co 11:01- RC). Porque vós
mesmos como deveis imitar-nos, pois que não nos portamos desordenadamente entre
vós, nem comemos de graça o pão de ninguém, antes com labor e fadiga
trabalhamos noite e dia para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não
tivéssemos o direito, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos
imitardes (II Ts 3: 07 –0 9 - RC ). Ao final das contas, o exemplo começa
em casa.
Reflexão:
As
pessoas em geral estão com “lunetas enormes” observando os cristãos. Reparam o
que vestimos, o que falamos, as nossas atitudes e como nos portamos na
sociedade. Elas estão buscando comparar aquilo que vivemos com aquilo que
pregamos. Caso tomemos alguma atitude que elas julgam fora dos padrões do
Cristianismo, somos duramente julgados por isso.
A
verdade é que podemos dar bom testemunho o ano inteiro, entretanto se falhamos
numa pequenina atitude, desconstruímos toda aquela imagem de crente consagrado
que levamos, de repente, anos para consolidar. Sendo assim, temos que tomar
cuidado com nossas ações, nossas palavras e nossa maneira de nos portar diante
dos que professam e, principalmente, diante dos que não professam a nossa fé.
Se
há uma coisa que ninguém que se considere uma pessoa digna pode perder,
principalmente um cristão, é a reputação. Um cristão que perdeu a sua reputação
diante das pessoas não tem mais condições de sequer convidar alguém para ir à
sua Igreja, quanto mais de pregar a Palavra de Deus.
Como
as pessoas estão vendo você? Não que nós devamos viver para atender as
expectativas ou segundo os padrões de conduta dos outros; no entanto, é
interessante ter uma noção do que estão dizendo a nosso respeito. Isto é um dos
referenciais que contribuem para nos autoanalisarmos, não o mais importante,
mas seguramente um dos mais. Jesus, certa altura de seu Ministério, quis saber
(entendamos que Ele quis ouvir dos seus discípulos) o que os homens falavam a
cerca Dele: Quem os outros dizem que o
Filho do Homem é?
(Mt 16:13 - NVI).
Portanto,
até Jesus quis saber ou pelo menos quis ouvir da boca dos discípulos o que as
outras pessoas falavam a respeito Dele. Isto é um sinal bíblico claro que a
opinião dos outros a meu respeito não é fundamental para eu mesmo saber quem
sou, mas é uma possibilidade de conhecermos um pouco mais quem somos pela ótica
do outro. O que é imprescindível mesmo é sabermos quem Deus diz que nós somos,
é absorvermos a revelação divina, afinal, a multidão tinha chegado a conclusões
erradas afirmando que Jesus era João Batista ressuscitado, Elias ou Jeremias. Somente
Pedro acertou por revelação divina: Tu
és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mt 16:16 – NVI).
(Gilmar Cabral)
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