segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

O Exemplo


Ninguém despreze a tua mocidade: mas sê o exemplo dos fiéis na palavra, no trato, na caridade, no espírito, na fé, na pureza.
                                           (I Tm 4:12). 

        Todos estavam novamente reunidos na hora do almoço numa espécie de cantina da Empresa. Cada um com sua marmita ou quentinha. A conversa rolava solta sobre os mais variados temas. Muitas piadas indecorosas e palavrões para qualquer gosto. E olha que a Laura, a mais desbocada da turma, ainda não havia chegado. Mas Judite já estava lá se alimentando tanto da comida quanto dos assuntos imorais que rolavam na mesa daquele projeto de refeitório. Tinham somente uma hora de almoço, então conversavam enquanto comiam, para ganharem tempo.
            Às vezes, Judite ficava um pouco desconfortável com a conversa, mas não queria ser tida como chata ou “beata” já que eles sabiam que ela frequentava uma Igreja. Além disso, gostava de se sentir aceita no grupo; por isso suportava as falas mais grosseiras e indecentes, fingindo não escutar.
            Atitudes bem diferentes das de Alberto, jovem crente e muito respeitado no trabalho por sua conduta irrepreensível. Ele sempre almoçava depois que aquela turma saía do refeitório, para evitar o desconforto de ouvir as “imundícies”. Porém, naquele dia, por causa dos insistentes convites de Judite, aceitou almoçar com ela. Eles conversavam algumas vezes sobre a Igreja e ela queria alguém para compartilhar um assunto mais saudável na hora do almoço. Lá estavam eles.
            Só que, no meio do papo, chegou a mais desbocada, a Laura. E chegou “quente” falando um monte de bobeiras e indecências. Praticamente todos riram. Judite e Alberto, não. Quando Laura se deu conta de que o rapaz cristão estava por ali, ficou muito sem graça e foi logo pedindo desculpas a ele. Ao que Judite estranhou e não se conformou dizendo:
            _ Mas por que você está pedindo desculpas só a ele? É porque ele é cristão? Então, peça desculpa a mim também, pois eu sou cristã como ele!
            Laura olhou para ela com “ar” de deboche e retrucou:
            _ Você não! Ele sim dá exemplo de ser cristão. Você não! Somente peço desculpas a ele!
            O povo:
            _ U............ êpa.......!
Judite, já pálida e ao mesmo tempo roxa de vergonha, falou quase chorosa:
            _ Mas... o que que eu fiz para não ser valorizada como cristã!?
            _ Você só vive aqui se metendo nas nossas conversas indecentes e até gosta de participar! Sem contar o dia em que você caiu na “gandaia” lá na festa da filha do Robertson. Dançou muito e até tomou umas cervejinhas...
            _ Eu só me diverti! Crente não pode fazer nada!?
            O povo novamente se manifestou:
            _Ah......................!
            _ É isso mesmo!...Quer dizer que eu tenho que viver como ET?
            O povo riu de se escangalhar todo! Alberto todo sem graça e com vergonha pela “irmã”, não sabia onde e nem como ficar. Terminou seu almoço discretamente e foi trabalhar.
            Judite levantou-se aborrecida, mas, como não tinha jeito, voltou ao trabalho. Trabalhou não sabe como naquela tarde de tanta vergonha e, muito triste, foi para casa. Conversou com o marido à noite. E ainda ouviu dele que a tal da Laura tinha razão e que ele sempre a havia alertado para não beber e nem se misturar com os farristas. E olha que seu esposo não era crente! Ela chorou muito. Dormiu também não sabe como e, assim que se levantou pela manhã, decidiu mudar sua vida e suas atitudes. Resolveu que ia verdadeiramente ser cristã de corpo, alma e espírito. Não podia mais ser humilhada daquela forma e pior, por uma “desclassificada como era a Laura”. Opa! Parou e lembrou-se de que, se queria recomeçar sua vida cristã, deveria, antes de tudo, rever sua relação com Deus e com as pessoas do seu círculo de amizade. Arrependida, leu o Salmo 51:10 (NVI): Cria em mim um coração puro, ó Deus, e renova dentro de mim um espírito estável.
Pediu perdão a Deus, fazendo assim uma oração de confissão e mudança (que durou uns quinze minutos) decisiva em sua vida, repassando a sua vida cristã e selando o compromisso de viver para Jesus e dar bom testemunho segundo a Sua Palavra dali por diante. Também decidiu se afastar de amizades que a estavam levando para o “abismo espiritual” (Não vos enganeis: as más conversações corrompem os bons costumes – I Co 15:33 - RC) e se aproximar mais de pessoas como o Alberto, que dão bom testemunho e têm a contribuir para o seu crescimento e amadurecimento cristão.
Depois de uns seis meses andando assim, Judite começou a recuperar sua imagem diante dos colegas de trabalho. Aconselhada pelo reverendo de sua Igreja, não se afastou completamente deles, mas apenas evitava participar de festas e conversas indecorosas. Assim, reconquistou o respeito e ainda pôde evangelizá-los e convidá-los para visitarem a sua Igreja; algo inimaginável há um tempo. Até mesmo a Laura foi convidada, pois Judite reconheceu que ela, assim como os outros, carecia de experimentar o amor de Deus em sua vida. E olha que Laura não somente foi como ainda recebeu a Jesus como Salvador e Senhor da sua vida. Agora, o alvo de Judite era o seu marido tão difícil de conquistar por causa da proximidade e de lidar com as falhas da mulher no dia a dia. Entretanto, ela estava preparada para ser o exemplo que seu esposo precisava em casa: Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo (I Co 11:01- RC). Porque vós mesmos como deveis imitar-nos, pois que não nos portamos desordenadamente entre vós, nem comemos de graça o pão de ninguém, antes com labor e fadiga trabalhamos noite e dia para não sermos pesados a nenhum de vós. Não porque não tivéssemos o direito, mas para vos dar em nós mesmos exemplo, para nos imitardes (II Ts 3: 07 –0 9 - RC ). Ao final das contas, o exemplo começa em casa.


Reflexão:
As pessoas em geral estão com “lunetas enormes” observando os cristãos. Reparam o que vestimos, o que falamos, as nossas atitudes e como nos portamos na sociedade. Elas estão buscando comparar aquilo que vivemos com aquilo que pregamos. Caso tomemos alguma atitude que elas julgam fora dos padrões do Cristianismo, somos duramente julgados por isso.
A verdade é que podemos dar bom testemunho o ano inteiro, entretanto se falhamos numa pequenina atitude, desconstruímos toda aquela imagem de crente consagrado que levamos, de repente, anos para consolidar. Sendo assim, temos que tomar cuidado com nossas ações, nossas palavras e nossa maneira de nos portar diante dos que professam e, principalmente, diante dos que não professam a nossa fé.
Se há uma coisa que ninguém que se considere uma pessoa digna pode perder, principalmente um cristão, é a reputação. Um cristão que perdeu a sua reputação diante das pessoas não tem mais condições de sequer convidar alguém para ir à sua Igreja, quanto mais de pregar a Palavra de Deus. 
Como as pessoas estão vendo você? Não que nós devamos viver para atender as expectativas ou segundo os padrões de conduta dos outros; no entanto, é interessante ter uma noção do que estão dizendo a nosso respeito. Isto é um dos referenciais que contribuem para nos autoanalisarmos, não o mais importante, mas seguramente um dos mais. Jesus, certa altura de seu Ministério, quis saber (entendamos que Ele quis ouvir dos seus discípulos) o que os homens falavam a cerca Dele: Quem os outros dizem que o Filho do Homem é? (Mt 16:13 - NVI).
Portanto, até Jesus quis saber ou pelo menos quis ouvir da boca dos discípulos o que as outras pessoas falavam a respeito Dele. Isto é um sinal bíblico claro que a opinião dos outros a meu respeito não é fundamental para eu mesmo saber quem sou, mas é uma possibilidade de conhecermos um pouco mais quem somos pela ótica do outro. O que é imprescindível mesmo é sabermos quem Deus diz que nós somos, é absorvermos a revelação divina, afinal, a multidão tinha chegado a conclusões erradas afirmando que Jesus era João Batista ressuscitado, Elias ou Jeremias. Somente Pedro acertou por revelação divina: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. (Mt 16:16 – NVI).     

      (Gilmar Cabral) 

















Nenhum comentário:

Postar um comentário