Quem está unido com Cristo é uma nova
pessoa; acabou-se o que era velho, e já chegou o que é novo.
(II
Co 5:17 – NTLH).
Desbocada da Silva vivia “honrando” o seu nome na praça:
falava o que bem entendia, xingava todo mundo com os palavrões mais feios que
se tem notícia e fofocava que era uma beleza.
Nem
Polícia, nem marido, nem vizinhos “seguravam” a boca da desbocada. Toda semana
era confusão na Rua da Bagunça que fazia esquina com a Rua da Zoeira. E sempre
na roda dos revoltosos, estava Dona Desbocada da Silva, sendo acusada de
proferir mais umas de suas calúnias e difamações.
Até
que um dia, Dona Desbocada da Silva aceitou o convite da irmã Pobrecoitada de Oliveira, sua amiga,
para ir visitar a Igreja dela. Não é que Dona Desbocada se converteu naquela
reunião de domingo! Foi um choque e um burburinho geral na vizinhança. Afinal,
será que a Desbocada iria deixar a “Comunidade” em paz?!
Mais
aí é que a coisa poderia se complicar: como transformar dona Desbocada da Silva
em irmã Bocasanta da Silva? Com certeza isto não ocorreria da noite para o dia.
Levaria tempo.
No
início, ela bem que tentou sozinha, porém, logo percebeu que seria inútil:
necessitava de ajuda. A irmã Pobrecoitada prontamente se apresentou para ajudar
e seguiu fielmente o seu martírio. Era muito difícil tirar o vício de fofoca e
de falar palavrão daquela senhora. Foram muitos anos com a “boca suja”. Ela bem
que se sentia mais “limpa”, mais “pura” (se é que se pode dizer isso) depois de
ter aceitado deixar o “mundo” para servir a Jesus Cristo. Mas a mudança, a
transformação estava lenta, ocorria de forma gradual.
A
irmã Pobrecoitada vendo o esforço de Desbocada da Silva para mudar, decidiu ir
mais longe no seu processo de ajuda, que até agora limitara-se a orar por ela e
a acompanhá-la nos cultos. A irmãzinha fez para ela um plano para reduzir mais
rapidamente a quantidade de palavrões e de fofocas diárias. Tudo começaria com
uma hora. Pelo menos durante esse período por dia a irmã Desbocada da Silva não
falaria um palavrão e nem se meteria em fofoca. Ao invés disso, leria a Bíblia
e faria orações. Seria assim: trinta minutos de leitura bíblica, mais quinze minutos de meditação, seguidos
de quinze minutos de oração.
No
início, foi brabo. Parece um período pequeno de tempo, mas para quem falava de
cinquenta palavras, quarenta e oito palavrões, o tempo acabava tornando-se uma
eternidade e o processo difícil e desafiador.
Aos
poucos, aquele curto espaço de tempo foi sendo tirado de letra e o período foi
se estendendo até completar meio dia, um dia, dois dias, três dias, e, à medida
que os dias aumentavam, aumentavam os minutos de leitura, de meditação e de
oração por dia. Quando Desbocada da Silva se deu conta, a semana estava
completa. Enfim, uma semana toda sem palavrão e sem fofoca. Pode parecer “um
pequeno passo para a humanidade, porém foi um grande salto para aquela mulher”.
Melhor: uma semana com horas e horas de aprendizagem bíblica e de comunhão
através das orações.
Depois
desse regime de “tratamento intensivo”, a proposta ficou assim: a irmã
Desbocada teria diariamente seu momento devocional e, mesmo tendo feito seu
período de leitura bíblica, de meditação e de oração, caso tivesse vontade de
falar mal de alguém, leria versículos bíblicos sobre o amor e a bondade e, cada
vez que o desejo fosse de xingar, ela faria uma oração por essa pessoa. Deu
certo.
É
lógico que não foi só a metodologia e o esforço da irmã Desbocada da Silva para
mudar que geraram a transformação. É óbvio que teve a atuação insuperável do
Espírito Santo na vida da ex-falastrona, moldando o seu caráter, a sua
personalidade e regenerando o seu espírito.
Assim,
o que parecia ser impossível, aconteceu: a irmã Desbocada da Silva começou a
ser chamada de irmã Bocasanta da Silva
de tanto que a mulher falava coisas boas, edificantes, proferindo palavras
abençoadas e abençoadoras.
Ao
explicar o que aconteceu com ela mesma, a irmã Bocasanta da Silva usou como
exemplo o que acontece com as lagartas que viram as borboletas. Elas ficam no
casulo até que a transformação se dê por completo. Ela disse que aconteceu algo
semelhante no seu caso: durante o processo de evitar a fofoca e o palavrão lendo
a Palavra, meditando e orando, primeiro por uma hora por dia e depois isto
sendo aumentado gradativamente até que ela ficasse uma semana sem xingar e
fofocar; esse período foi crucial para a sua mudança. O outro, o de manter uma
devocional diária e “trocar” o xingamento pela oração e o falar mal pela
leitura da Palavra (isto quando a vontade viesse quase insuportável de praticar
os maus hábitos antigos), foi apenas um complemento ao tratamento. Na verdade,
esse processo todo foi o seu casulo.
Irmã
Bocasanta da Silva descobriu que é isto o que Jesus Cristo propõe: trocar a
nossa vida antiga por uma nova, completamente nova. Ele mesmo chegou a dizer: Venham a mim, todos vocês que estão cansados
de carregar as suas pesadas cargas, e eu lhes darei descanso. Sejam meus
seguidores e aprendam comigo porque sou bondoso e tenho um coração humilde; e
vocês encontrarão descanso. Os deveres que eu exijo de vocês são fáceis, e a
carga que eu ponho sobre vocês é leve. (Mt 11:28-30 – NTLH).
Jesus
quer a nossa carga para oferecer em troca a Dele, que é infinitamente mais leve,
e esta se chama: nova vida.
A
irmã Bocasanta, com o tempo, tornou-se irmã Bocaungida, pois virou uma pregadora da Palavra “de mão cheia”. E a
irmã Pobrecoitada, por seu grande feito de ser usada por Deus para mudar a vida
da ex-Desbocada, passou a ser chamada de irmã Salvavidas. Sugestivo não?!
Reflexão:
Uma mudança verdadeira e genuína no
interior de uma pessoa somente o Evangelho de Nosso Senhor e Salvador Jesus
Cristo é capaz de operar. Transformar uma desbocada em uma pregadora da Palavra
somente pelo poder de Deus.
A salvação é um ato que se
desenvolve num processo: a irmã Desbocada da Silva recebeu Jesus como seu
Salvador pessoal, mas teve que passar pelo processo da purificação e mudança. O
Espírito Santo trabalhou no ser dela trazendo a regeneração do seu espírito.
Entretanto, ela teve que buscar a mudança completa de seus hábitos e estilo de
vida. É certo que ela contou com a ajuda da irmã Pobrecoitada de Oliveira no
que chamamos de discipulado aos novos crentes, porém, se a irmã Desbocada não
quisesse mudar ou aceitar o esforço pessoal para a transformação das atitudes,
o processo seria muito mais demorado e difícil. A atuação da irmã que depois se
chamaria Salvavidas foi decisiva e muito importante por demonstrar a relevância
do acompanhamento dos novos crentes. Isto indica que a pregação pode ser o
instrumento do Espírito Santo para a conversão, mas é a Educação Religiosa que
garante a permanência da pessoa na Igreja e consolida a decisão por Cristo
Jesus.
E você? É alguém como a Desbocada da
Silva ou como a Pobrecoitada de Oliveira? Identificando-se com qualquer uma das
duas, o mais importante é crer em Jesus como o Unigênito Filho de Deus e único
que pode salvar a humanidade da condenação eterna. Creia Nele e viva por Ele e
para Ele!
(Gilmar Cabral)
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