Já não vos chamo servos, porque o servo
não sabe o que faz o seu senhor; mas tenho-vos chamado amigos, porque tudo
quanto ouvi de meu pai vos tenho dado a conhecer.
(Jo
15:15 – RA).
Juninho há muito que
intrigava os seus pais. Volta e meia o garoto vinha com uma conversa que tinha
um amigo invisível que o acompanhava em quase todas as horas do dia. Não era
difícil seus pais “pegarem” aquele guri de nove anos conversando com o nada, ou
seja, falando sozinho.
Na
hora da brincadeira, estava o Juninho de conversa com o tal amiguinho
invisível. Na hora da refeição, da mesma forma. Até mesmo no Colégio, na sala
de aula, o “coleguinha” “aparecia” para ele e os dois conversavam pra daná!
Várias vezes “tia” Fátima, uma das professoras de Juninho, “pegava” o menino de
conversa e o chamava a atenção. Logo as outras professoras também começaram a
reclamar. Seus pais já haviam sido chamados muitas vezes ao Colégio por causa
dessa história do tal amiguinho invisível.
No
início, tanto os pais quanto os educadores da escola acreditavam que isto era
fruto da imaginação fértil do garoto, mas logo perceberam que o assunto estava
ficando sério, pois Juninho falava desse amigo imaginário como se ele fosse
real.
Os
pais não tiveram dúvidas: era caso de tratamento psicológico. Por muitas
tentativas eles quiseram saber o nome desse amigo, todavia Juninho sempre dizia
que era tão bom estar na companhia dele que nem se preocupava em saber o seu
nome.
Assim,
o tempo foi passando... passando... e nada desse “amigo” desaparecer. Juninho
passou por vários terapeutas, psiquiatras, psicanalistas, e o “amigo” não ia
embora. Cada psicoterapeuta vinha com uma teoria: um dizia que era uma projeção
de si mesmo; outro falava que a falta de diálogo em casa e a falta de convívio
com outras crianças faziam com que o menino buscasse amigos imaginários; outra
argumentava que era uma fantasia da cabeça de Juninho e que logo passaria; teve
um que sugeriu uma internação. Os pais não concordavam com nada.
Quando
Juninho completou dez anos, pediu para os seus pais uma Bíblia de presente já
que dominava a leitura com facilidade. Seus pais acharam o pedido estranho para
uma criança que, geralmente nessa idade, nos dias de hoje, desejam bola oficial
de futebol, vídeo game de última geração, celular, se bobear, até tablete,
etc.. Também eles acharam estranho porque
não eram religiosos e nunca se interessaram por questões espirituais.
Acreditavam em Deus e pronto e acabou. Perguntaram ao garoto o porquê daquele
pedido. O menino apenas disse que seu amigo havia falado que ele precisava ler
a Bíblia.
Esse
pedido despertou sua mãe para um fato: talvez o caminho fosse este para acabar
com aquela amizade “sobrenatural”, que fazia bem ao garoto, mas perturbava os
seus pais, os profissionais da escola e os da saúde mental. Talvez a solução
estivesse na busca de uma religião ou até mesmo numa espécie de “exorcismo”,
isto é, fazer um trabalho espiritual para afastar “aquele espírito” que, na
visão dos pais, perturbava o menino.
Antes
de executarem o plano B, o de procurarem uma ajuda religiosa, deram uma Bíblia
para o filho. O livro era bonito, colorido e numa linguagem de fácil
entendimento para juniores. Como o garoto lia aquele livro! Juninho até
melhorou na leitura e na escrita no colégio de tanto ler aquelas páginas
sagradas.
Um
dia, seus pais o colocaram sentado no sofá da sala e a mãe perguntou:
_Juninho,
meu filho, por que você quis que comprássemos a Bíblia? E por que você a lê
tanto?
_Mamãe,
papai, é simples: porque nela eu não só descobri o nome do meu amigo, como
descobri também muita coisa sobre ele. Aliás, como já havia falado com vocês
anteriormente, foi numa de nossas conversas que ele me falou deste livro e que,
se eu quisesse conhecê-lo melhor, deveria ter um e ler, principalmente, os
quatro primeiros livros chamados de Evangelhos.
_Não
nos diga – falou o pai – que o nome do seu amigo invisível é...
_Jesus!
_Jesus!?
Juninho! – o pai e a mãe falaram juntos.
_Sim!
Jesus! Ele está comigo em todas as horas. Eu descobri isto neste livro. Antes,
eu achava que meu “meu amigo” vinha conversar comigo somente em alguns
momentos, porém hoje eu sei que Ele não me deixa só em nenhum momento. E mais: Ele
quer ser amigo de vocês também. É somente abrirem o coração para Ele e, com os
olhos da alma, vocês também o verão.
Daquele
dia em diante, Juninho e seus pais passaram a conversar todos os dias com o
Amigo Invisível através de algo chamado oração e passaram a conhecê-Lo muito
mais pela leitura das Sagradas Escrituras.
Em todas as refeições eles paravam para orar. Cada um fazia uma pequena oração
agradecendo a Deus pela vida e pelo alimento. À noite, antes de dormirem, eles realizam
um breve culto doméstico de aproximadamente uns quinze minutos.
Hoje, tanto Juninho, com a idade de quatorze anos, como
seus pais vão à Igreja perto de sua casa e não mais eles consideram Jesus um
amigo imaginário, mas sim um amigo mais chegado do que um irmão (Pv
18:24b).
Reflexão:
É impressionante como um Deus tão
grande e tremendo, criador do céu e da terra, Senhor do Universo, tira um
tempinho para ficar pertinho da gente. Juninho teve a sensibilidade espiritual
de perceber isso, enquanto que seus pais nem sequer se preocupavam com questões
religiosas. Não é à toa que a Palavra de Deus afirma que das crianças é o Reino
dos Céus (Lc 18:16). Elas têm a capacidade de perceber e sentir
coisas que os adultos já não possuem mais, talvez por causa da maturidade ou
mesmo da maneira racional com a qual geralmente encaram os fatos da vida. Sem
contar que as crianças, salvo exceções, são bem mais puras que os adultos.
Uma maneira de percebermos a
presença diária de Jesus em nossa vida é através da prática da oração e do
estudo da Bíblia. Sentiremos seus cuidados a cada momento e cada vez que uma
promessa for cumprida. Além de Senhor e Salvador, Jesus quer ser meu e seu
amigo. Ele quer compartilhar mais intimamente de seu dia a dia, estar presente
na hora de você tomar decisões, acalmar suas emoções em instantes de aflições;
Ele não abre mão de conviver com você.
Ele quer carregá-lo no colo quando você não mais sentir forças para
caminhar, mas também quer “puxar a sua orelha”, se precisar, para corrigi-lo e
orientá-lo no caminho certo.
Não abra mão da presença Dele em sua
vida. Juninho valorizou a presença de Jesus e fez com que seus pais também
valorizassem. Se ninguém na sua casa valoriza essa presença, seja você o
primeiro a fazer isso e a mudança em seu lar começará por sua vida.
(Gilmar Cabral)
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