sábado, 24 de agosto de 2013

O Lamento das Coisas



Triste, a escutar, pancada por pancada,
A sucessividade dos segundos,
Ouço, em sons subterrâneos, do Orbe oriundos,
O choro da Energia abandonada!

É a dor da Força desaproveitada
_ O cantochão dos dínamos profundos,
Que, podendo mover milhões de mundos,
Jazem ainda na estática do Natal!

É o soluço da forma ainda imprecisa...
Da transcendência que se não realiza...
Da luz que não chegou a ser lampejo...

E é em suma, o subconsciente ai formidando
Da natureza que parou, chorando,
No rudimentarismo do Desejo!  

(Augusto dos Anjos - Eu e Outras Poesias. Martin Claret. São paulo: 2012. p 119.) 

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