sexta-feira, 13 de junho de 2014

O Chamado



Por isso é que se diz: se hoje vocês ouvirem a sua voz, não endureçam o coração, como na rebelião.
                                                                                            (Hebreus 03:15)-NVI
 
Aquele dia parecia ser como outro qualquer. Mas seria realmente especial na vida de Alexandre. Após fazer suas atividades triviais do dia, o jovem se preparou para ir ao trabalho. Antes de sair de casa, fez um pedido a Deus em oração: queria ter uma experiência naquele dia que o marcasse para sempre e mudasse sua vida de forma radical. Na verdade, Alexandre estava cansado de viver uma vida vazia e sem sentido; apesar de ser um chamado crente convertido, não suportava mais a inércia espiritual na qual se encontrava. Não queria mais se alimentar das experiências contadas pelos outros. Almejava algo novo. Algo próprio que o tirasse da rotina cristã. Alguns anos se passaram desde a sua conversão e o entusiasmo do início parecia ter sido apagado pelo secularismo e pela falta de perspectiva do que realmente Deus queria dele. 
Decidido a mudar, pegou o ônibus como sempre faz e se sentou praticamente no mesmo lugar de todos os dias. Não passou dez minutos e uma senhora de aproximadamente cinquenta e cinco anos se sentou ao seu lado. Apresentava-se muito distinta e logo foi tirando da bolsa um livro parecido com a Bíblia. Na verdade era um manual de alguma religião.
            Alexandre atentamente percebeu do que se tratava. Era uma adepta de seita, ou seja, uma pessoa que fazia parte de outra proposta religiosa, bem diferente daquela apresentada pela vida verdadeiramente cristã.  Prontamente veio à mente de Alexandre a palestra que havia recebido na Igreja, cujo tema era: Como evangelizar os adeptos de seitas. As informações ali recebidas foram passando como um filme na sua mente e imediatamente começou a sentir um desejo de abordá-la, falar do Evangelho para aquela senhora. Mas ficava intimidado pela concentração dela ao ler o livro e também por suas próprias desculpas ao recusar os convites para participar do evangelismo da Igreja: “sou tímido”, “não sei pregar”, “tenho medo de me enrolar na hora”, etc..
            Todavia, a oração que fizera há poucos minutos em sua casa também passou a permear a sua mente: “será que já não é a resposta de Deus? Eu pedi uma experiência nova...” A vontade foi aumentando. É como se uma voz falasse dentro dele para que ele “avançasse” na direção certa. Preocupado com o tempo, notou que ainda estava cedo, pois havia pensado em passar no Banco, que ficava perto do trabalho, para pagar umas contas. Além disso, vinha à sua mente as palavras do missionário que palestrou no domingo:
            “Se encontrarem com uma pessoa que professa outra fé diferentemente da nossa, nesta semana, não deixem de falar do Evangelho de Jesus, não percam a oportunidade, mesmo que seja somente por quinze minutos!”
            Com essas palavras ecoando em seus ouvidos, decidiu falar. Quando a senhora desceu do ônibus, Alexandre, tomado por uma força e uma coragem que nunca experimentará antes, desceu também e abordou cuidadosamente a senhora:
            _ Boa tarde, vejo que gosta desse livro.
            _ Boa tarde! Sim, gosto muito. E você já o conhece?
            _ Já, mas não de ler. E essa? A senhora conhece? Tirou da bolsa de trabalho a sua Bíblia de Estudo.
            _Conheço. É um exemplar da Bíblia. Você, no caso, é cristão, não é meu rapaz?
            _ Sim. Sou discípulo de Jesus Cristo.
            Assim a conversa foi. Pararam debaixo de uma árvore por causa do calor que fazia naquela tarde e conversaram sobre Deus, Jesus, o Espírito Santo, a Palavra de Deus, a salvação, etc... E, como aquela senhora sabia das suas crenças e conhecia o seu livro de estudos, Alexandre logo percebeu que para fazer frente a ela teria que lançar mãos de seus conhecimentos de Escola Bíblica. No início, ficou meio atrapalhado por causa da falta de costume no evangelismo pessoal, porém depois se acertou e emplacou. Após quarenta e cinco minutos de conversa, sentiram que o horário estava apertado para ambos e decidiram parar por ali. Alexandre fez o convite para ela ir à sua Igreja ao que a senhora recusou. Então ele disse que iria ao seu local de culto fazer uma visita. Deixou o telefone dele para um eventual contato a fim de continuarem a conversa, que apesar das discordâncias, foi amigável e agradável. Despediram-se. Nunca mais Alexandre viu aquela senhora, mas a conversa o marcou para sempre.
Foi para o Serviço e lá trabalhou como nunca naquela tarde/noite. Estava diferente, radiante, uma chama se ascendeu em seu coração para não mais apagar. Sentiu como nunca a realidade e a urgência das mensagens de Marcos 16:15-16 (NVI): E disse-lhes: vão pelo mundo todo e preguem o evangelho a todas as pessoas. Quem crer e for batizado será salvo, mas quem não crer será condenado. E de II Timóteo 4:02 (NVI): Pregue a palavra, esteja preparado a tempo e fora de tempo, repreenda, corrija e exorte com toda a paciência e doutrina.
 Após uma semana daquele encontro, e depois de intensa oração, Alexandre conversou com o reverendo de sua Igreja no domingo pela manhã, após a reunião, e se apresentou para ingressar no Seminário Teológico, com a finalidade de se preparar para a Obra de Deus. Continuou firme na Escola Bíblica e entrou imediatamente para o grupo de evangelismo. Se ele será reverendo, missionário ou qualquer outra função eclesiástica no Reino de Deus, nem ele ainda sabe direito. O certo é que ele entendeu qual era a vontade de Deus para a sua vida e atendeu ao chamado do “Ide de Jesus”, vendo nascer em seu coração um genuíno amor pelas almas.


Reflexão:
            Uma das grandes necessidades que nós cristãos temos é a de sabermos o que verdadeiramente Deus quer de nós. Sabemos que fomos chamados para uma novidade de vida em Cristo Jesus. Porém, enquanto não temos a exata noção do que devemos fazer no Reino de Deus, parece que ficamos assim como o Alexandre: vazios e sem rumo. Além de cairmos na perigosa rotina que é prejudicial para qualquer tipo de relacionamentos, inclusive, o relacionamento com Deus.
            A vida cristã de Alexandre teve uma guinada quando este se incomodou com a inércia espiritual na qual se encontrava. Você também está nessa situação de inoperância? Já sabe qual é a vontade de Deus em Cristo Jesus para a sua vida? Enquanto você não responder a esta pergunta com total convicção, não ficará realizado em sua trajetória cristã. Deus tem um chamado específico para cada um de nós. Os discípulos atenderam ao chamado do Mestre; o apóstolo Paulo atendeu à convocação de Jesus no caminho para Damasco. Incomode-se! Saiba qual é o seu chamado! Alexandre descobriu o dele. Não fique esperando algo sobrenatural acontecer como a visita de um anjo ou um sonho, uma visão. Deus pode usar esses meios e muitos outros, inclusive, falar através do Espírito Santo que mora em você para expressar a Sua vontade; é aquela “voz” que nos fala lá de dentro e que evidencia o que realmente desejamos fazer no seu Reino. Ouça a voz! Obedeça a voz!        
                                                                                                                                    
(Gilmar Cabral)






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